Interpretar as respostas dos alunos para programar situações de aprendizagem - construindo a linguagem escrita
Interpretar as respostas dos alunos para programar situações de aprendizagem - construindo a linguagem escrita
Imagem - quintetofama.blogspot.com
Ana
Teberoski em sua obra “Psicopedagogia da Linguagem Escrita” (Ed.
Vozes), tratando da aquisição da linguagem escrita, neste trecho diz:

Fica Claro que um dos grandes fundamentos das teorias construtivista de Emilia Ferreiro
e Ana Teberoski(1970), é conhecer o aluno e o ele que traz para a
escola em conhecimento adquiridos. A Psicogênese da Língua Escrita
esclarece sob um novo prisma como esse aluno está passando pelo processo
de aprendizagem. E que essa forma de aquisição da escrita e da leitura
vai depender muito mais da relação que a criança tem desde os primeiros
anos da infância, com a cultura escrita; em outras palavras, o acesso
que ela tem á princípio na família, á cultura, ao letramento, (as
estimulações á leitura e a escrita), do que os métodos de alfabetização
que o professor vai usar nas séries iniciais.
Os
Parâmetros Curriculares brasileiros são fundamentados nas teorias
construtivistas. Muitos educadores se queixam de não alcançarem sucesso
neste processo construtivista e não sabem onde estão as lacunas, embora
perseverem nestas práticas. A contribuição de Emilia Ferreiro e Ana
Teberoski, para se compreender o processo do desenvolvimento e aquisição
da linguagem escrita tem um valor inestimável para o educador ainda que
apareçam lacunas não explicadas. As pesquisas demonstram que essas
teorias alcançam sucesso absoluto quando as crianças trazem alguma
bagagem cultural antes de chegarem á escola. Crianças que vem de
famílias com algum nível de cultura.
A
realidade dos educandos brasileiros percorre uma variável muito grande,
principalmente, os filhos de famílias de baixa renda e nível
socios-culturais muito pobres, geralmente alunos das escolas públicas.
Há uma diversidade muito grande permeando também as vastas regiões
geográficas, umas muito ricas e outras muito pobres.
O
educador de uma escola pública, mesmo na periferia de uma metrópole, vê
essa diferença socio-cultural. E essa relação com a cultura escrita
muitas vezes é quase nenhuma. Essa realidade não gera grandes
expectativas para o educador proporcionar, situações de ensino e
aprendizagem. O que o educador vai necessitar é criar vínculos entre a
criança e a escrita, os vínculos que não existiam. Um bom exemplo, é a
grande diferença que um professor de escola pública encontra entre duas
crianças, no primeiro ano: uma que está entrando na escola sem ter
passado pela educação infantil e a outra que passou pela educação
infantil. A diferença é muito grande a ponto de o professor suspeitar de
uma dificuldade de aprendizagem naquela
criança que não passou pela educação infantil. Porque na realidade da
educação brasileira, escolas públicas da periferia de grandes cidades ou
de regiões muito pobres o trabalho da educação infantil é mais que um espaço
em que a criança é identificada como alguém que já que possui saberes,
conhecimentos, como alguém já tem interações com o mundo, mas estimular
estes fatores propulsores de desenvolvimento á escrita e leitura,
direcionando-os ás descobertas, troca de experiências, aprendizagens significativas, provocando o querer conhecer e o saber.
No
entanto diante de uma realidade cultural que “parece” destoar dos
postulados do construtivismo, sabe-se que o processo da aquisição é o
mesmo só que o ponto de partida é outro, o que não exclui todo o
embasamento da nova postura do educador, nos fundamentos
construtivistas, quando vai fazer uso do diagnóstico psicogenético,
quando vai programar situações de aprendizagem, vai fazer uso de um
ambiente alfabetizador...
Em
entrevista á revista Nova Escola, Ana Teberoski falou sobre a polêmica
em torno do construtivismo e os problemas de alfabetização, no Brasil,
levantada pelos defensores do método fônico, ao que ela esclareceu:
“Para
afirmar se a culpa é ou não de determinada maneira de ensinar, seria
necessário ter um estudo aprofundado das práticas pedagógicas dos
alfabetizadores em todo o país. Uma coisa é o que eles declaram fazer,
outra é o que eles executam de fato. Quem afirma que uma forma de
alfabetizar é melhor que a outra está apenas dando sua opinião, já que
não existe nenhuma pesquisa nessa linha. A dificuldade em alfabetizar no
Brasil é histórica e já existia mesmo quando o método fônico estava na
moda”.
Uma
pesquisa com certeza mostraria quais os fatores que tornam a
alfabetização no Brasil tão complicada, como aponta Teberoski. Mas,
quanto à história da dificuldade de alfabetizar é história de todas as
nações, uma vez que sempre há e haverá diversidade e homogeneizar é
impossível.
Referências:
Teberoski, Ana
Psicopedagogia da Linguagem Escrita - Editora Vozes -
Revista Nova Escola
revistaescola.abril.uol.com.br/.../psicopedagogia-linguagem-escrita-ana-teberosky
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Bjs, Tia Renata Araujo.