"A leitura do mundo precede a leitura da palavra" (Paulo Freire).

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Emília Ferreiro, David Ausubel e Jean Piaget

O que há em comum entre Emília Ferreiro, David Ausubel e Jean Piaget ?

Jean Piaget foi um dos primeiros estudiosos a pesquisar cientificamente como o conhecimento era formado na mente de um indivíduo. A princípio suas pesquisas foram direcionadas aos bebês. Piaget observou como um recém-nascido passava do estado de não reconhecimento de sua individualidade frente o mundo que o cerca indo até a idade de adolescentes, onde já temos o início de operações de raciocínio mais complexas.
Piaget estabeleceu as bases de sua teoria, a qual chamou de Epistemologia Genética (estudo científico), cuja  fundamentação está muito bem descrita em um de seus livros mais famosos, “O Nascimento da Inteligência na Criança” (1982), em que ele diz "as relações entre o sujeito e o seu meio consistem numa interação radical, de modo tal que a consciência não começa pelo conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado diferenciado; e é desse estado que derivam dois movimentos complementares, um de incorporação das coisas ao sujeito, o outro de acomodação às próprias coisas" . Em outras palavras Jean Piaget quis dizer que o conhecimento não nasce com o indivíduo, mas é o resultado da sua interação com o meio que o provoca á novas descobertas para se adaptar cada vez de forma melhor ao meio, a acomodação.Como esse processo é dinâmico, o individuo está sempre evoluindo intelectualmente pois está sempre interagindo, assimilando e acomodando... através do desafio, da provocação do novo, do
desconhecido.

 
Neste pequeno parágrafo Piaget define três conceitos fundamentais para sua teoria: interação, assimilação, acomodação.
No seu livro “O Desenvolvimento do Pensamento”, avançando em suas pesquisas reforça o princípio da aquisição do conhecimento se referindo a “equilibração”, (o desafio que surge do conhecimento anterior diante de novas situações), como necessárias para que o indivíduo avance no desenvolvimento dos conhecimentos, mas afirma também que só este fato não é suficiente, é preciso que haja uma ação de quem aprende, e um esforço para que esse avanço aconteça e venha acontecer sucessivamente, na evolução da inteligência.
Um biólogo, Jean Piaget, através de pesquisas na área da psicologia, cria uma teoria de aprendizagem e do desenvolvimento humano de grande fundamentação e prestígio científico que acaba sendo direcionado á pedagogia.
Quando essa teoria epistemológica chega ao campo da pedagogia com fins de embasamento do ensino/aprendizagem, vai assumir grande importância. As considerações Piagetianas, para que sejam pedagogicamente  bem sucedidas, principalmente no que diz  respeito ao sujeito da aprendizagem, como um sujeito ativo, e considerando  a “equilibração”, como desafio, provocação de novos conhecimentos, tem que ser significativa para a pessoa, o aluno, caso contrário ele não vai se interessar e essa provocação , não vai dar os resultados esperados.
Em termos mais práticos: o aluno traz em sua bagagem cognitiva conhecimentos anteriores dos quais novos conhecimentos vão ser construídos, pelo  desafio, a provocação, que pode ser usada pelo professor, porém  se não estiver inserida no interesse do aluno, se não tiver significação, este aluno vai mostrar desinteresse, não vai haver “acomodação”. E nesse contexto estão todas as interações sociais do aluno: a vida em sociedade (meio, família, escola...), que são fundamentais, pois delas é que vão surgir os desafios  e a aprendizagem em estágios mais avançados. Isso não quer dizer que para o aluno avançar em novos conhecimentos, a aprendizagem ganhe uma forma aleatória, que não siga uma programação, por exemplo, curricular, mas significa que a interdisciplinaridade vai ocupar um espaço de grande importância para o professor intermediar o
processo de letramento do aluno. Essa conclusão leva á "Aprendizagem Significativa”.


David Ausubel psicólogo e pedagogo norte-americano, nascido em 1918, que se destacou no estudo dos processos de aprendizagem. Considerado um cognitivista e construtivista, investigou os vários tipos de aprendizagem, enfatizando a aprendizagem por descoberta, onde a motivação e a possibilidade de escolha por parte dos alunos desempenha um papel fundamental. Introduz o conceito de "organizadores prévios" na sua teoria. Seriam como que "pontes cognitivas", segundo Ausubel, entre o que o aluno sabe e o que irá aprender: "aprendizagem significativa" (o que se aprende deveria integrar-se no que o sujeito já conhece), onde se percebe as bases nas teorias Piagetianas.

A professora da UnB do Departamento de Psicologia, Professora Raquel, em Aprendizagem e Ensino, em relação à Teoria de David Ausubel analisa esse processo assinalando que apesar da estrutura prévia orientar o modo de assimilação de novos dados, estes também influenciam o conteúdo atributivo do conhecimento já armazenado, resultando numa interação evolutiva entre "novos" e "velhos" dados. Um processo de associação de informações interrelacionadas que acontecem porque são significativas.” E analisa a outra face da aprendizagem, a não-significativa: “Em contrapartida Ausubel também coloca a ocorrência da Aprendizagem Mecânica, que é aquela que encontra muito pouca ou nenhuma informação prévia na Estrutura Cognitiva a qual possa se relacionar, sendo então armazenada de maneira arbitrária. Em geral envolve conceitos com um alto ou total teor de "novidade" para o aprendiz, mas no momento em que é mecanicamente assimilada, passa a se integrar ou criar novas Estruturas Cognitivas. Dessa forma a Aprendizagem Significativa é preferível a Aprendizagem Mecânica, ou Arbitrária.”

Emília Ferreiro e as teorias desenvolvidas por ela, e seus colaboradores, abandonam também as concepções mecanicistas, assim como David Ausubel sobre o processo de alfabetização. Eles seguem os pressupostos construtivistas/ interacionistas de Vygotsky e Piaget
Emília Ferreiro e Ana Teberoski em suas teorias da aquisição do conhecimento construtivista, estudando os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e escrever se referem ao processo de cognição, em que   o sujeito da aprendizagem é colocado como alguém que conhece e que o conhecimento é algo que se constrói pela ação deste sujeito. Nesse processo de aprendizagem o ambiente também exerce seu papel, pois, o sujeito que conhece faz parte de um determinado ambiente cultural.
E concluem que os níveis diferentes em que normalmente os alunos se encontram e vão se desenvolvendo durante o processo de alfabetização, e a interação entre eles, é muito importante para o desenvolvimento do processo.


 Esses enfoques das teorias construtivistas de Emília Ferreiro e da Aprendizagem Significativa de David Ausubel fundamentadas em Jean Piaget e Vygotsky convergem em um ponto em comum e fundamental ao processo de ensino/aprendizagem: o aluno é o sujeito de sua aprendizagem, que depende de seus conhecimentos prévios e da interatividade com o meio, que provocam novos conhecimentos significativos para ele. De onde se pode situar a ação pedagógica do professor: usar o desafio, a provocação e expandir o conhecimento formal e sistematizado, desde que seja significativo para o aluno. Em uma palavra o sucesso da alfabetização e letramento está em ser Significativa.

Referências:


TETeoria de Ausubel: Cognoscitiva ou Cognitiva



CONSTRUTIVISMO DE PIAGET A EMILIA FERREIRO -SERIE PRINCIPIOS





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TEORIA DA APRENDIZAGEM NA OBRA DE JEAN PIAGET
DONGO-MONTOYA, ADRIÁN OSCAR

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Bjs, Tia Renata Araujo.