EMILIA FERREIRO – COMO ALGUÉM APRENDE A LER E ESCREVER?

O que isso significa? Significa que o processo de ensinar se desloca
para o ato de aprender, por meio da construção do conhecimento que será
realizado pelo educando, que se torna agente de sua aprendizagem.

Os conceitos que os professores trabalham separadamente, de acordo com
Ferreiro, como imaturidade, prontidão, habilidades motoras e
perceptuais deixam de ter sentido isoladamente. Os aspectos motores,
cognitivos e afetivos são importantes, na medida que tratados no
contexto da realidade sócio-cultural dos alunos. “Hoje
a perspectiva construtivista considera a interação de todos eles, numa
visão política, integral, para explicar a aprendizagem” diz Ferreiro.
Os
níveis diferentes em que normalmente os alunos se encontram e vão se
desenvolvendo durante o processo de alfabetização, e a interação entre
eles, é muito importante para o desenvolvimento do processo.

I - Os níveis estruturais da linguagem escrita podem as diferenças individuais e os diferente ritmos dos alunos :
1- diferenciar entre desenho e escrita;
2-utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras;
3-
reproduzir os traços da escrita, de acordo com seu contato com as
formas gráficas (imprensa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais
familiar para usar nas suas hipóteses de escrita;
4- perceber que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
4- perder que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
Silábico –
a criança compreende que as diferenças na representação escrita está
relacionada com “o som” das palavras, o que a leva a sentir a
necessidade de usar uma forma de grafia para cada som. Utiliza símbolos
gráficos de forma aleatória, usando apenas consoantes, ora apenas
vogais, ora letras inventadas e repetindo-as de acordo com o número de
sílabas das palavras.
Silábico/Alfabético – convivem
as formas de fazer corresponder os sons ás formas silábica e
alfabética e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica
ou fonética.
Nível Alfabético – A
criança agora entende que: sílaba não pode ser considerada uma unidade e
que pode ser separada em unidades menores; a identificação do som não é
garantia da identificação da letra, o que pode gerar as famosas
dificuldades ortográficas e a escrita supõe a necessidade de análise a
necessidade da análise fonética das palavras.
Esta
análise do desenvolvimento cognitivo do aluno é conhecido por “Nível
da Psicogênese”.Ana Teberosky é uma das criadoras junto com Emilia
Ferreiro da Psicogênese da Língua Escrita, novos elementos para
esclarecer o processo vivido pelo aluno que está aprendendo a ler e a
escrever.
Nessa linha de pensamento conhecida como “construtivismo”, para que a
alfabetização tenha sentido é necessário ser um processo interativo,
dentro do contexto da criança, com histórias e com intervenções das
próprias crianças, que podem aglutinar, contrair “engolir” palavras,
desde que essas palavras ou histórias façam algum sentido para elas.
Os “erros” das crianças podem ser trabalhados, eles demonstram uma
construção, e com o tempo vão diminuindo, pois elas começam a se
preocupar com outras (como ortografia), que não se preocupavam antes,
pois estavam apenas descobrindo a escrita.

Magda Soares, no artigo “Letramento e alfabetização: as muitas
facetas”, 26ª Reunião Anual da ANPED. GT Alfabetização, Leitura e
Escrita, resume bem a proposta construtivista: “(….) a perspectiva
construtivista trouxe importantes e diferentes contribuições para a
alfabetização: (...) Alterou profundamente a concepção do processo de
construção da representação da língua escrita, pela criança, que deixa
de ser considerada como dependente de estímulos externos para aprender
o sistema de escrita, concepção presente nos métodos de alfabetização
até então em uso, hoje designados tradicionais, e passa a sujeito ativo
capaz de progressivamente (re)construir esse sistema de representação,
interagindo com a língua escrita em seus usos e práticas sociais, isto
é, interagindo com material para ler, não com material artificialmente
produzido para aprender a ler; os chamados para a aprendizagem pré-
requisitos da escrita, que caracterizam a criança pronta ou madura para
ser alfabetizada - pressuposto dos métodos tradicionais de alfabetização
- são negados por uma visão interacionista, que rejeita uma ordem
hierárquica de habilidades, afirmando que a aprendizagem se dá por uma
progressiva construção do conhecimento, na relação da criança com o
objeto língua escrita; as dificuldades da criança no processo da
construção do sistema de representação que é a língua escrita-
consideradas deficiências ou disfunções, na perspectiva dos métodos
tradicionais - passam a ser vistas como erros construtivos, resultado de
constantes reestruturações.”

Reportando ao artigo da professora da Universidade de Brasília em sua
investigação sobre Métodos de Alfabetização e Consciência Fonológica,
em que aponta causas da dificuldade de de aprendizagem, defasagem
idade/série, levam grande número de alunos levam até o fim do 1º grau,
resultado de várias pesquisas do analfabeto funcional e da evasão,e
dentre outros fatores está o desenvolvimento do processo da leitura e da
escrita “ a importância da consciência fonológica e o princípio alfabético,
a primeira como o entendimento de que cada palavra _ou partes da
palavra_ é constituída de um ou mais fonemas. Para a fonoaudióloga
Lílian Nascimento, rimas, aliterações, consciência sintática, silábica e
fonêmica são habilidades relacionadas à consciência fonológica.. Na
mesma linha de pensamento Alliende e Condemarín (1987 p. 46) denominam
consciência linguística “o conhecimento consciente do indivíduo dos
tipos e níveis dos processos linguísticos que caracterizam as expressões
faladas”, entre os quais o de codificar foneticamente a informação
linguística. Discutindo o papel da consciência fonológica na
alfabetização, Carvalho (2005) alerta para a necessidade de que os
alfabetizandos percebam a dimensão sonora das palavras, que são formadas
por sílabas e fonemas.”
Essa conclusão confronta com um nítido vácuo da construção da escrita e da leitura pela proposta construtivista.
Ao contrário do que muitos pensam Emília Ferreiro trouxe valiosas
contribuições para a compreensão da aquisição e desenvolvimento do
conhecimento cognitivo na alfabetização, porém Emília Ferreiro não é um
Método de Alfabetização.
(…)
a minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por
trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que
escutam há uma criança que pensa” Emília Ferreiro
Referências
· BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolingüística & educação. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
Psicogênese da língua Escrita, de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. Ed. Artes Médicas, Av.
Jerônimo Ornellas. 670. CEP 90040-340. Porto Alegre. RS. Tel: (051) 330-3444/330-2183
A Escrita e a Escola, de Ana Maria Kaufman. Ed. Artes Médicas.
Alfabetização em Processo, de Emilia Ferreiro. Ed. Cortez. R. Bartira. 387. CEP 05009-000. São Paulo. SP. Tel: (011) 864-0111.
Ensaios Construtivistas, de Lino de Macedo. Ed. Casa do Psicólogo. R. Alves Guimarães, 436, CEP 05410-000. São Paulo, SP, Tel: (011) 852-4633.
Aprendendo a Escrever: Perspectivas Psicológicas e Implicações Educacionais, de Ana Teberosky. Ed. Ática. R. Barão de Iguape. 110. CEP: 01507-900, caixa postal 8656, São Paulo, SP. Tel: (011) 278-9322.
-Márcio Ferrari (novaescola@atleitor.com.br)
Trecho da palestra de Emilia Ferreiro durante a 1ª Semana da Educação, em outubro de 2006, em São Paulo
-SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A criança na fase inicial da escrita: a Alfabetização como processo discursivo/7. ed. - São Paulo: Cortez, 1996.
Revista Nova Escola Janeiro/Fevereiro de 2001
-Mara Regina Maraia Schoenberger , licenciada em Pedagogia,Pós graduada em Educação Interdisciplinar e Metodologia do Ensino Fundamental: Educação Interdisciplinar de 1ª á 4ª serie do Ensino Fundamental com Enfase em Educação Infantil:Cursando Educação Especial e Inclusiva
Consultor, Presidente da JM-Associados1 Publicado na Revista Ensaio, V. 10, N. 35, Abril-Junho 2002. pp. 161-2000 |
atégiashttp://www.alfaebeto.org.br/documentos/construtivismo_alfabetizacao.pdf
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Bjs, Tia Renata Araujo.